sábado, 2 de julho de 2011

De mim.


Eu cansei de mim. Quer para você? Sabe eu to realmente cansada. Sou baixinha, tenho um corpo legal, cabelos com movimento, olhos bonitos, sorriso contagiante. Enfim, sou muito bonitinha e isso me cansou. Sou apaixonante, falo coisas bobas que todos gostam, alegro as pessoas, faço com que os garotos gostem de mim. E sabe, cansei! Quero ser magrela, feinha, ter carão, usar vestidos que mostrem meu corpo e as pessoas não achem vulgar, afinal vou ser magrinha. Quero olhos pretos, cabelos curtos, bastante maquiagem pra enganar as olheiras. Um bronzeado legal. Quero ser outra pessoa sabe? Não todo dia, afinal eu gosto do meu jeito, do meu bonitinha. É só pra trocar um pouco, ser sempre eu ta ficando chato...

Querer.

Porque eu quero ele? Ah sim, porque eu já tenho o outro.

Fantasma dos Passado

Ontem à tarde eu consegui cantar. Não, não cantar, afinal ainda não sei fazer isso. Mais digamos que consegui dizer a letra, expressar uma emoção que não é mais a mesma agonia no peito de antes. Claro que ainda dói, e vai doer até eu me permitir me esquecer de você e amar pra valer alguém. Mais não doeu tanto, e não escorreu dor pelos olhos. E isso me faz bem, acho que finalmente to me tornando o que eu tanto preciso ser: Menos dependente de você!

Cê acha que eu sou louca
Mais tudo vai se encaixar...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sobre a infanticida Maria Farrar

Maria Farrar, nascida em Abril,
menor, sem sinais particulares, raquítica, órfã,
sem qualquer condenação anterior, ao que se julga,
é acusada de ter assassinado uma criança, da seguinte forma:
Conta ela que já no segundo mês
em casa de uma mulher, num sótão,
tentou expulsá-lo com duas injeções
dolorosas, como se calcula, mas não saiu.

Não se indignem, por favor,
pois toda a criatura precisa da ajuda de todos.


Assegura, contudo, ter pagado de imediato
o estipulado, ter continuado a apertar a cintura,
ter também tomado aguardente com pimenta moída,
o que apenas serviu de forte purgante.
O corpo estava inchado e sentia também
dores frequentes quando lavava os pratos.
Estava ainda em idade de crescer, segundo ela própria dizia.
Rezou à Virgem Maria com muita fé.

A vós também, peço que não se indignem,
pois toda a criatura precisa da ajuda de todos.


As orações, ao que parece, não serviram de nada.
Pedia-se demasiado. Quando já estava mais cheia
sentia vertigens durante a missa. Suava muito.
E também suava de medo, com frequência, diante do altar.
Mas fez segredo sobre o seu estado
até ser surpreendida pelo nascimento.
Isto resultou, pois ninguém pensava
que ela, tão pouco atraente, pudesse ser presa de tentação.

E também a vós, peço que não se indignem,
pois toda a criatura precisa da ajuda de todos.


Nesse dia, diz, bem cedinho,
estando a limpar as escadas, sentiu como que umas unhas
a arranhar-lhe o ventre. A dor
sacudia-a, mas conseguiu manter-se calada.
Todo o dia, enquanto estendia a roupa que lavou,
pensou e tornou a pensar, até se dar conta,
de coração apertado, que tinha mesmo que parir.
Só tarde subiu para o quarto.

A vós também, peço que não se indignem,
pois toda a criatura precisa da ajuda de todos.


Quando estava deitada, vieram chamá-la;
tinha nevado e teve que varrer.
O trabalho durou até às onze. Foi um dia bem longo
Só pela madrugada pôde parir em paz.
Conta ela que pariu um filho.
O filho era igual aos outros filhos.
Mas ela não era como as outras, embora...
Não há motivo para brincadeiras.

A vós também, peço que não se indignem,
pois toda a criatura precisa da ajuda de todos.


Assim, pois, deixemo-la contar
o que sucedeu com este filho
(diz ela que não quer esconder nada)
para que se veja como somos.
Diz que ficou pouco tempo na cama
angustiada e sozinha;
sem saber o que aconteceria a seguir
obrigou-se a conter com esforço os gritos.

A vós também, peço que não se indignem
pois toda a criatura precisa da ajuda de todos.


Como o quarto também estava gelado,
segundo diz, arrastou-se com as últimas forças
até à latrina e ali
(quando, já não se recorda) pariu
sem ruído até ao amanhecer.
Estava, diz ela, muito perturbada nesse momento,
já meio intumescida, mal podia segurar o menino
prestes a cair na latrina dos criados.

A vós também, peço que não se indignem,
pois toda a criatura precisa da ajuda de todos.


Então, quando ia da retrete para o quarto
- antes, diz ela, não aconteceu nada - a criança
começou a gritar. Isso a afligiu tanto
que se pôs a bater-lhe com os dois punhos,
cega sem parar até a criança ficar quieta.
Então, levou o morto
consigo para a cama durante o resto da noite
e pela manhã escondeu-o na lavanderia.

A vós também, peço que não se indignem,
pois toda a criatura precisa da ajuda de todos.


Maria Farrar, nascida em Abril,
falecida na prisão de Meissen,
mãe solteira, condenada,
quer mostrar-vos os crimes de todo o ser humano.
Vós que paris sem complicações em lençóis lavados
e chamais "bendito" ao vosso ventre prenhe,
não condeneis estas infames fraquezas
porque, se o pecado foi grave, o sofrimento também foi grande.

Por isso peço que não se indignem
pois toda a criatura precisa da ajuda de todos.


Bertolt Brecht

domingo, 12 de junho de 2011

Ex amorzinho.

A dias tento escrever sobre você, e nunca sai nada. É, eu realmente aprendi a não te amar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Branco.

Eu viro as paginas e todas estão em branco. Eu olho ao meu redor, a sala também é branca. Eu fecho meus olhos e tudo que me lembro esta em branco. Até a maldita luz que parece querer me cegar é branca.
Branco, sem vida, animo ou tom.
Parecem imagens póstumas de uma carcaça. Mas eu ainda não sou uma carcaça. Eu ainda estou vivo, respiro, ando, sigo, erro, choro, caio, sangro. Como muitos dizem, ainda estou vivo. Ao me ver , quase vivo.
Sorrio, mas meu sorriso também é branco, minha pele é branca, minha roupa é branca.
O cigarro que eu trago é branco e a fumaça... Ah ela se torna branca. 

sexta-feira, 27 de maio de 2011

She isn't real. I can't make her real

Olhos carregam lápis preto ou marrom, esfumaçado, forte, dependendo do humor. Os lábios trazem brilho, ou nos dias mais frios uma cor vibrante. No busto, aquele decote que sempre recebe todos os olhares, não o escandalosa como das famosas cocotas, mas um que sempre se esconde quando acha necessário. Não poupa olhares, ela gosta deles, de saber que é notada. O shorts é curto, a saia é justa, o vestido bem cortado. Ah, ela nasceu para se destacar. Não sabe quem é Lolita, e por Deus, se tivesse ouvido falar de tal “celebridade” antes de já beirar seu fim de anos ninfeticos, temo como poderia ser a vida dos pobres moradores dessa cidade falida.

Ela sorri, grita, dorme, tem chiliques, se desarruma, arruma de novo, canta, dança, se mexe, requebra, fica louca, beija, corre, mas nunca chora. Não em publico, não quando alguém a ouve. Ela guarda. Guarda amores, guarda rancor, guarda dor. Guarda tudo que envolva aquele órgão que tanto dizem que se quebra. Afinal o dela já está quebrado, não tem necessidade de ser despedaçado.

Pinta as unhas de vermelho, usa espartilho, puxa o traço do delineador. Ah ela sempre se destaca. Até quando ta quieta, na dela, quase dormindo, moscando na aula. Eles olham e comentam. Falam mal, julgam, apelidam... Ah mas ela bem sabe, nunca serão melhores que ela.

Ela faz com que se apaixonem. Amarra a todos. Torna-se tudo o que sempre quis ser sem perceber. Canta alto, briga, atua.

E como ela atua. Meu Deus! Ela é uma atriz. Nasceu ali, na terra do caqui, mas sempre foi feliz. Faz rima, dança, engana ballet, sempre esta a frente de tudo, aceita ordens, descorda de todos, guarda opinião... Ah não! Erramos o personagem e estamos voltando para aquela que tem nome e sobrenome no RG.

A outra não, essa foda, essa que não se importa. Ela anca canta, não aceita ordem, não se apaixona, não se envolve, re desenvolve com o tempo, erra, não se arrepende. Ah ela sim e aquela que da gosto. Gosto de ver, conhecer, amar. Ela eu seria, ela eu quero ser. 

sábado, 23 de abril de 2011

Fourteen


Ah como me dói, doem as costas, dói à cabeça, dói à perna, dói a bolada de handebol. Aperta à insônia, o dinheiro, a vontade de fazer porra nenhuma. A pressão pra passar de ano, pra ser alguém na vida. Como me dói ter quatorze, e não treze.

sábado, 16 de abril de 2011

Crime Mudo.


 É tudo tão escuro quando me vejo sozinho. A lua parece ter um brilho fosco demais para alcançar minha janela. As idéias em minha mente rodam como a velha Audi na alto-estrada que leva a lugar nenhum.
O efeito exercido sobre mim parece vir de você. As noites com o ar frio, e longas, enquanto os dias parecem alaskianos. Suas palavras agora mudas parecem uma tentativa de tirar do meu corpo a faísca de sentimento existente.
O bar cheio de velhos e suas historias me soam como algo melancólico e, em toda sua tristeza, o tom me parece como parte de mim.
O canto de sereia que me aproxima do doce mar verde tem agora os acode tão longínquos como o seu suspiro de vida. O sangue em minhas mãos cheira como culpa, mas denuncia alto um amor jamais sentindo pela velha carcaça (barbada e fedorenta) que em seus murmúrios pestanejam as palavras que agora o condenam de um crime inconsciente que jamais pensara se capacitar de praticá-lo.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Big City Dreams

Nessa cidade falida, de muros cinza, e rosas sem vida. A vida parece tão vazia e fácil de ser perdida com a palavra que começa com m e sempre é tão temida. Uma voz alta, algo tão escandaloso onde tudo é tão simples e todos têm olhos em um futuro pouco promissor onde uma casa e três filhos e tudo que se pode desejar ter, com quem sabe ao lado a pessoa amada.
Não, eu não nasci para isso tudo. Eu quero ver cores, sons altos, e muros pixados. Perdão se não sigo a lei de onde vivo, e não me contento com o que tenho. Mas sonhar com a grande cidade é tão bom, tanto quanto saber que um dia poderei enfim estar lá, nela vivendo.  
Não culpe a mim, é a única coisa que lhe peço, afinal não tenho culpa! É algo que esta no meu ser, algo que vai além da minha mera compreensão. Não viver aqui, não me contentar com o verde, e desejar ser cercada por prédios que arranham o céu azul que há tanto tempo quando criança eu olhei imaginando o dia que daqui sairia.
Um tom doce parece poder soar. Não é fácil, eu sei, viver em uma cidade onde ninguém ao menos faz idéia da sua existência. Mas poder estar onde tudo pode acontecer, onde eu posso brilhar. Talvez toda a pressão seja fácil de ser agüentada quando se trata de um sonho.

domingo, 3 de abril de 2011

Quando as cortinas se fecham.

Disquei o numero que já sabia praticamente de cor. Não chamou, a ligação foi direto para a caixa de mensagens. Ele estava com ela.  Meus olhos se encheram de lagrimas e o aperto no peito pulsou. Ela sempre seria mais importante, sempre seria a qual que o faria desligar o celular quando a tivesse como companhia. A única com quem ele um dia, provavelmente, se casaria. Suspirei. Pouco me importa! Afinal, ela pode ser a namorada, a noiva, a futura mulher. Mas quando as cortinas se fecham após um espetáculo e as luzes apagadas impedem a platéia de ver os atores, sou eu quem estará nos braços dele.  Sou em para quem ele jura amor, e ama de forma doce em uma cama de motel. Sou eu que ele sempre tem e terá ao lado quando precisar. Independente do que aconteça. 


sinopse de mais uma de tantas historia que estou escrevendo.

O vicio do errado.

Um passo premeditado ao que sabes que não é certo. Uma dor leve, que te trás certa satisfação no ato. Como provar de um cacho de uvas. Elas estão verdes, e você sabe, mas o fato de comê-las mesmo que o gosto amargo fixe-se em sua boa, lhe trás um prazer inexplicável. 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Eu desejo a você.


Desejo a você um bom ano
Não convencional
Com muito dinheiro
Ou qualquer outra coisa banal

Desejo sim, a você
Muito estudo
Possibilidades
Amizades
E claro, bons namoros

Desejo que o dinheiro
Não consuma tua vida
Muito menos teus pensamentos

Mas sim que a felicidade
Em ambos esteja

Desejo a você, por fim, mas não menos importante
Um ótimo ano.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Clocks

O badalar
Guia-me descompassado
O tick tack soa erradisso
E meus passos apressados

Eu aumento um, dois
Até mesmo três
Dos minutos no relógio

Tento enganar o tempo
Enganar a mim
Enganar até quem sabe a vida

Bendita vida!
Passa rápida
Quando vejo
O grande e o pequeno
Já estão juntos
No numero engraçado
Que ao soar pela décima segunda vez

Me mostra ainda
Menino aventureiro
E apressado
Que se perde
Em meio a esses cronômetros do tempo
Que a cada tick ou tack
O fazem mais homem.